DOR SACROILÍACA. POR QUE TÃO FREQUENTE NOS ESPORTES?
- PHYSIOLAB
- 21 de jul. de 2024
- 5 min de leitura

Aqui na PHYSIOLAB nós seguimos a premissa de que, pacientes bem informados sobre seu caso clínico, respondem melhor ao tratamento proposto, pelo simples fato de entender o que está acontecendo de verdade, sem gerar superficialidade ou catastrofização da sua real situação.
Independente do esporte que o paciente pratique (ou mesmo que seja sedentário), por vezes durante a semana chegam relatos semelhantes. O PHYSIOBLOG de hoje vem falar de uma das TOP 5 queixas que mais ouvimos na clínica: a dor sacroilíaca.
A descrição do quadro clínico se inicia de uma forma muito semelhante, descrevendo um desconforto como se fosse “uma agulhada entre as costas e o quadril”.
Ao longo da anamnese, inspeção e testes físicos, comumente descartamos a origem da dor do segmento lombar e identificamos que na realidade, o problema “é mais embaixo (literalmente, devido à localização anatômica)”
Se você está lendo este texto e desconfia que sua dor lombar, na verdade vem da região sacroilíaca, continue aqui comigo para começar a entender o porquê ela doi tanto e como devemos tratá-la de fato!
Imagem 1 - Fonte: Kenhub
Logo acima (Imagem 1), nós vemos a anatomia óssea de um quadril! Percebam que ela é composta por um osso mais central em formato de triângulo, denominado SACRO e que este se conecta lateralmente com duas estruturas com formato de asas, chamadas de ILÍACOS. Por isso, a conexão desses 3 elementos recebe o nome de ARTICULAÇÕES SACROILÍACAS (destacadas de verde). Agora vejam a imagem abaixo:
Imagem 2 - Fonte: NETTER, Frank H.. Atlas de Anatomia Humana. 2ed. Porto Alegre: Artmed, 2000.
Todos os ossos do nosso corpo se conectam por estruturas chamadas de LIGAMENTOS. Na região sacroilíaca, existe uma rede de ligamentos densos e resistentes à força que são recebidos de todos os eixos durante os movimentos que realizamos.
A divindade se preocupou em deixar tudo bem preso para que nosso corpo pudesse ser dinâmico. Mas, Alana. Só tem isso então? Antes fosse hehe! Seria impossível falar de tudo que está presente na região do nosso quadril (órgãos reprodutores, sistema digestivo, fáscias, vasos, nervos e etc.). A imagem 3 é pra dar um gostinho de quero mais sobre a anatomia do quadril.
Imagem 3 - Fonte: Kenhub
AFINAL, POR QUE DOI?
Bom, após termos essa pequena demonstração da complexidade anatômica da região sacroilíaca, já fica um pouco mais fácil entender o porquê as dores proveniente dessa região possuem diferentes padrões, características e intensidades. Não é à toa que tanto o diagnóstico quanto o tratamento são desafiadores, até mesmo para os profissionais mais experientes.
As dores podem se manifestar localmente entre o osso sacro e o ilíacos, como também pode assumir outros padrões como região baixa da lombar, nádegas, virilha, coxa ou mesmo região posterior da coxa, devido às conexões teciduais existentes. Os relatos mais comuns são de desconforto para sentar/levantar, ficar muito tempo em pé, durante movimentos em rotação do tronco ou que exijam grandes amplitudes dos membros inferiores.
A principal função do fisioterapeuta é examinar e entender qual ou quais desses sistemas (se é o sistema ósseo, ligamentar, muscular, vascular, neural e etc.) estão em falha e o porquê eles estão gerando dor para tratar o que precisa ser tratado, sem tiros no escuro.
COMO TRATAR MINHA DOR SACROILÍACA?
Devido a complexidade deste tipo de disfunção, vejo que cada vez mais, o raciocínio interdisciplinar sobre a investigação sacroilíaca seja o de melhor resultado para o paciente. O que isso significa? Significa que cada vez mais o ego profissional deve ser superado a fim de proporcionar o bem para quem importa. O olhar do fisioterapeuta em diálogo com o médico, educador físico, nutricionista e psicólogo, formam o que eu chamo de “Rota de Cura”.
E vale salientar: quanto mais crônico o estado de dor, mais olhares devem estar voltados para o seu caso. Isso porque a chance deste paciente já ter fracassado em outros tratamentos, de estar se encaminhando para uma vida mais sedentária, desenvolver alterações sensoriais de percepção da dor associada a desequilíbrios emocionais sobre seu estado de saúde além de outras comorbidades, são muito maiores!
O manejo não cirúrgico é considerado como primeira linha de tratamento, composto por fisioterapia (prescrita exclusivamente pelo fisioterapeuta) e medicamentos (prescritos exclusivamente pelo médico).
O tratamento do paciente com dor sacroilíaca se inicia por meio de uma avaliação aprofundada: testes biomecânicos, ortopédicos, avaliação da cinemática de tronco, quadril e membros inferiores e principalmente: entender a demanda funcional do paciente.
No caso dos atletas, que possuem padrões de movimento específicos (um jogador de ténis por exemplo, precisa realizar uma rotação de tronco com o membro estendido acima da cabeça; já um praticante de cross training requer de grande amplitude para realizar agachamentos profundos com elevada carga sobre os ombro) a avaliação deve considerar a demanda mecânica proveniente do seu esporte.
Exemplo: a amplitude de movimento de quadril é diferente de um velocista com barreiras (Imagem 4) comparada a de um ciclista. Mas ambos precisam ter harmonia sobre os sistemas para que tudo funcione de uma forma equilibrada sem colapsar.
Imagem 4 - Fonte: Site Terra
Independente se você é atleta amador ou profissional, se pratica um esporte regularmente para ter mais qualidade de vida ou para relaxar de uma carga mental estressante: ficar parado não é uma opção. Fuja dos profissionais que prescrevem REPOUSO para tratamento das dores sacroilíacas. O que acontece na realidade, é uma adaptação ao controle de carga. Não significa que parar de fazer exercício vai fazer sua dor diminuir. Muito pelo contrário.
A PHYSIOLAB está comemorando 2 anos neste mês. Tenho a honra de dizer que nossa equipe foi a responsável por ajudar centenas de pessoas a praticarem esportes sem dor. Se você está passando por momentos difíceis em relação ao seu quadril, não se preocupe.
Nós estamos aqui para mostrar que há uma luz no fim do túnel. E o principal: existe a possibilidade de você realizar uma ótima reabilitação sem deixar de praticar o esporte que ama! Venha conhecer nosso trabalho. Feito por quem entende de VERDADE de esporte!
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Referências
Diagnostic Accuracy of Clusters of Pain Provocation Tests for Detecting Sacroiliac Joint Pain: Systematic Review With Meta-analysis. Tobias Saueressig, Patrick J. Owen, Frank Diemer, Jochen Zebisch, and Daniel L. Belavy. Journal of Orthopaedic & Sports Physical Therapy202151:9,422-431
Liu Y, Suvithayasiri S, Kim JS. Comparative Efficacy of Clinical Interventions for Sacroiliac Joint Pain: Systematic Review and Network Meta-analysis With Preliminary Design of Treatment Algorithm. Neurospine. 2023 Sep;20(3):997-1010. doi: 10.14245/ns.2346586.293. Epub 2023 Sep 30. PMID: 37798994; PMCID: PMC10562251.
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Texto escrito por:
Dra. Alana L. F. Tavares
Fundadora e CEO
Fisioterapeuta pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná
Mestrado em Biociência e Saúde pela UNIOESTE
Especialista pelo COFITTO em Fisioterapia Esportiva
Sócia Sonafe
Docente universitária no curso de Fisioterapia
Osteopatia pela Escuela de Madrid
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