MEU JOELHO É CROCANTE, E AGORA?
- PHYSIOLAB

- 29 de set.
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Desde a época da graduação, quando eu ainda dava os primeiros passos na compreensão sobre saúde e atuação fisioterapêutica, já me deparava com uma pergunta recorrente sempre que alguém descobria que eu estudava fisioterapia: “Meu joelho estrala, isso é normal?”. Quase dez anos após a conclusão da graduação, essa questão continua sendo muito comum na prática clínica — e também na pesquisa.


Mas afinal, o que é esse som? O barulho percebido ao movimentar uma articulação é conhecido como crepitação. Apesar de frequente, sua origem ainda é tema de debate. Alguns autores classificam a crepitação como fisiológica ou patológica, dependendo do contexto.
• Patológica: ocorre geralmente após um evento traumático, como entorse de joelho com lesão de ligamento cruzado anterior (LCA) ou menisco, quase sempre acompanhada de dor e inchaço.
• Fisiológica: surge em movimentos do dia a dia, sem associação direta com lesão. Pode acontecer, por exemplo, quando um tendão desliza sobre uma estrutura óssea próxima ou devido ao fenômeno de cavitação — pequenas bolhas de ar no líquido sinovial que estouram durante o movimento.


Apesar das diferentes teorias, a crepitação ainda gera incômodo em muitas pessoas, que a interpretam de forma negativa. No entanto, as evidências atuais mostram que ela é um achado comum tanto em pessoas com quanto em pessoas sem dor ou lesão no joelho. Embora possa estar associada a alterações degenerativas, o mais importante é compreender que exames de imagem frequentemente revelam mudanças estruturais mesmo em indivíduos sem sintomas.
Assim, mais do que se preocupar apenas com o som do joelho, devemos direcionar a atenção para aquilo que realmente faz diferença: manter-se fisicamente ativo, respeitando os limites do corpo. A inatividade ou a sobrecarga além da capacidade individual estão mais relacionadas à dor e ao impacto negativo na saúde física e mental do que a própria presença da crepitação.
Referências
Song SJ, Park CH, Liang H, Kim SJ. Noise around the Knee. Clin Orthop Surg. 2018 Mar;10(1):1-8. doi: 10.4055/cios.2018.10.1.1. Epub 2018 Feb 27. PMID: 29564040; PMCID: PMC5851845.
Couch JL, King MG, De Oliveira Silva D, Whittaker JL, Bruder AM, Serighelli F, Kaplan S, Culvenor AG. Noisy knees - knee crepitus prevalence and association with structural pathology: a systematic review and meta-analysis. Br J Sports Med. 2025 Jan 2;59(2):126-132. doi: 10.1136/bjsports-2024-108866. PMID: 39375004.
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Texto escrito por:
Dra. Bianca Taborda
Fisioterapeuta pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná
Mestrado em Avaliação e Intervenção em Fisioterapia pela UNESP
Especialista em Fisioterapia Ortopédica
Docente universitária do curso de Fisioterapia



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