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O RETORNO AO ESPORTE DA MÃE ATLETA

  • Foto do escritor: PHYSIOLAB
    PHYSIOLAB
  • 6 de mai. de 2024
  • 3 min de leitura
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Certamente a visão mais comum que temos da maternidade é a que foi instituída durante décadas: da mulher que vive para a família e a casa. Provavelmente é assim que você viu sua avó ou mesmo sua mãe viver dentro do espaço familiar.


Os tempos mudaram, aos poucos a mulher evoluiu além desse modelo e pode particionar sua rotina para além dos afazeres do lar, inclusive com momentos exclusivos para si, para seu próprio cuidado.


Atualmente, nossa sociedade é composta por mulheres que trabalham, estudam, treinam sem desvencilhar a atenção de seus dependentes: os filhos.


Para as mulheres que já vivenciaram a maternidade, o desafio de engrenar uma rotina voltada para si é ainda maior, principalmente no puerpério e nos primeiros anos de vida de seus filhos. 


No artigo de Tighe et al., 2023, foi realizada uma pesquisa que fez um levantamento de quais seriam os principais indicadores que dificultavam, bem como, os que facilitavam o retorno de mulheres atletas à prática esportiva. 


As principais barreiras para o retorno ao esporte foram:


  • Tempo de recuperação pós-parto (Cesária, intercorrências com a mãe ou bebê);

  • Tempo para executar as funções maternas x Tempo para treino;

  • No caso das atletas profissionais, as políticas de cada federação esportiva em relação a bolsas e salários;

  • Estereótipo maternal (o julgamento social da mãe que deixa de estar próxima ao filho para se cuidar);

  • Rede de apoio social.


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Fonte: The Times


Assim como somente a mulher passa por fenômenos únicos de mudanças fisiológicas, psicológicas, e financeiras vividas intensamente na gravidez, há necessidades específicas para que esta consiga retornar a suas atividades de vida, incluindo a prática de esportes.


Naturalmente, a mulher mãe também passa por situações de alterações na sua composição corporal, caracterizadas pelo ganho de peso, redução de massa magra (mais acentuada em gravidezes com restrição de esforço), aumento da fadiga, prolapso de órgãos (por alterações de força dos músculos do assoalho pélvico), redução do sono e mesmo depressão pós-parto.


Após o período de maiores cuidados maternais, o retorno à rotina de trabalho e treino é dependente de soluções de apoio nos cuidados infantis, disponibilidade da rede de pessoas que possam acompanhar a mãe em treinos e campeonatos, e claro, fomento financeiro que possa dar suporte a tudo isso. 


Os principais facilitadores do retorno da mulher ao esportes são:

  • Retorno físico pós-parto; 

  • Conciliação prazerosa entre a maternidade x desporto;

  • Diminuição das expectativas sobre si e seu desempenho imediatamente ao retorno pós-parto;

  • Planejamento específico (armazenamento de leite para que o bebê possa se alimentar sem a presença da mãe ou possibilidade de levar o bebê até o ambiente de treinamento da mãe);

  • Rede de apoio social (familiares ou amigos que prestam apoio prático, emocional, na renda, nos cuidados infantis, flexibilidade dos treinadores em relação aos horários)

  • Equipe multidisciplinar na assistência da mulher (a periodização da mulher no puerpério deve ser individualizada e específica, ao contrário do que se imagina, não há como “voltar de onde parou”)


Diferentes especialidades fisioterapêuticas estão ao lado da mulher ao longo de toda sua carreira no esporte. Além dos cuidados com as lesões geradas pela demanda esportiva, a mulher também deve procurar contar com o suporte da fisioterapia uroginecológica. Essa especialidade garante que a mulher retorne às suas demandas de vida de forma mais segura e com mais vitalidade. 

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fonte: Revista Médica de Minas Gerais


Graças aos avanços sociais, a maternidade não é mais o fim da carreira da mulher, ou mesmo, praticar exercícios não é apenas “coisa de mulher solteira”. 


Cuidar da saúde é um direito de todos, além disso, o autocuidado permite que a mulher se mantenha com boa saúde para vivenciar os melhores momentos da vida ao lado de seus filhos, amigos e da família, além de garantir excelentes representações nos esportes que estão em seu coração.

E o mais importante: cada mulher tem o seu cenário, a sua realidade, as suas limitações e possibilidades. Estipule metas de retorno a prática esportiva, mas sem rigorosas cobranças sobre intensidade, frequência e tempo. Aproveitar cada etapa de vida é um dos caminhos essenciais para a manutenção da saúde.


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Fonte: The Times

Referências

Borowski LE, Barchi EI, Han JS, Friedman DA, Carter CW. Musculoskeletal Considerations for Exercise and Sport: Before, During, and After Pregnancy. J Am Acad Orthop Surg. 2021 Aug 15;29(16):e805-e814

Forstmann, N., Meignié, A., De Larochelambert, Q., Duncombe, S., Schaal, K., Maître, C., Antero, J. (2023). Does maternity during sports career jeopardize future athletic success in elite marathon runners? European Journal of Sport Science, 23(6), 896–903.

Tighe BJ, Williams SL, Porter C, et alBarriers and enablers influencing female athlete return-to-sport postpartum: a scoping review. British Journal of Sports Medicine 2023;57:1450-1456.


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Texto escrito por:

Dra. Alana L. F. Tavares

Fundadora e CEO

Fisioterapeuta pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná

Mestrado em Biociência e Saúde pela UNIOESTE

Especialista pelo COFITTO em Fisioterapia Esportiva

Sócia Sonafe

Docente universitária no curso de Fisioterapia

Osteopatia pela Escuela de Madrid


 
 
 

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